Olhar para o impacto económico do software

O software assumiu uma importância tão grande que já representa cerca de 6% dos empregos nos EUA. Cerca de 10 milhões de pessoas, direta ou indiretamente, têm o seu trabalho ligado à indústria. Um número considerável e que ganha ainda maior peso se pensarmos que esta mesma indústria é responsável por 17% de todo o investimento em I&D desse país.

Números importantes e que mostram a atenção que a maior economia mundial está a dar à transição digital da sociedade, das empresas e do nosso próprio estilo de vida. Não será ao acaso que no relatório sobre o impacto económico do software, desenvolvido pela BSA | the software aliance, se leia que “o software está no coração da revolução digital, transformando dados em ideias, e ideias em ação. Traz a tecnologia para as nossas vidas de inúmeras formas, e capacita-nos para fazer as coisas do dia a dia de formas que recentemente nos pareciam inimagináveis.”

O software está a mudar tudo. Ele está nas aplicações que usamos no dia a dia, nos dados que nos disponibiliza, na possibilidade de guardarmos ficheiros na cloud e nas soluções empresariais. Está em tudo e torna-se tudo, como que a nova mão invisível que conduz as nossas vidas – não só apenas porque a solução de GPS que usamos é feita de software, mas porque está em todo o lado.

Vemos empresas agrícolas a melhorar a sua produção utilizando dados e automatização para melhorar o cultivo e a rega. Vemos cidades a ficar mais eficientes no combate ao trânsito, crime, na redução de custos e no crescimento económico local. Um dos excelentes exemplos disso é o tratamento que os bombeiros de Nova Iorque ao identificar 7.500 pontos críticos da cidade e usarem analytics e inteligência artificial para identificar mais de um milhão de edifícios na cidade que estavam em risco elevado de incêndio.

Mas também avanços médicos na identificação e tratamento de doenças com recurso ao potencial tecnológico. A título de exemplo, a precisão do diagnóstico do cancro do pulmão passou de 50% pela mão humana para 90% com recurso ao robô watson da IBM. Ou ainda na redução de custos e riscos no transporte de pessoas e mercadorias, com software a ajudar a evitar acidentes automóveis, melhorar o desempenho de motores, poupar combustível, ou fazer melhorias nos sistemas de distribuição de encomendas.

Um impacto inegável, que faz com que a frase every business is a software business seja cada vez mais verdade e cada vez mais abrangente. E não é por via do acaso que as empresas que usam software na sua gestão conseguem reduzir o tempo de produção de produtos em 50%. Muito menos que as empresas que usam dados para tomar decisões são 5% mais produtivas e 6% mais rentáveis do que a concorrência.

O software está a tomar conta da economia, das nossas vidas. E as empresas portuguesas não podem ficar de fora desta transição digital. E se olharmos para o estado da transição digital em Portugal temos de nos preocupar com a consciência do impacto que o software tem na economia. Três em cada quatro empresas portuguesas considera que não corre o risco de ser ultrapassada por um concorrente que use tecnologia, e quase uma em cada quatro considera que já completou a sua transição digital. Indicadores que nos devem preocupar.

Se por um lado o software parece ter um impacto inegável em toda a nossa vida, por outro as empresas portuguesas não podem ficar de fora. Necessitamos de olhar para este fenómeno com a profundidade que outros países estão a fazer. A competitividade da nossa economia merece.

Este texto foi publicado previamente pelo autor no site Executive Digest.