Os pequenos negócios também precisam de tecnologia

Um dos mitos da digitalização da gestão é que esta é um exclusivo de empresas de maior dimensão. A perceção errada de que um pequeno negócio não beneficia da tecnologia para dar um salto de competitividade está a impossibilitar muitos empresários de dar o passo que o seu negócio precisa.

Talvez seja a altura de inverter uma ideia que está hoje desatualizada pelo evoluir das soluções existentes no mercado. E, acima de tudo, pela necessidade cada vez maior que os pequenos negócios têm num mundo cada vez mais competitivo. Do comércio local ao pequeno negócio de nicho, nenhum escapará à transição digital e as razões são bastante evidentes.

Primeiro, a libertação de recursos é um fator crítico de sucesso nos pequenos negócios. Talvez sejam mesmo os pequenos negócios que necessitam mais de tecnologia, na medida em que os seus recursos são limitados e onde, seguindo a Lei de Pareto, 20% de aceleração pode proporcionar 80% de resultados.

Imagine-se o tempo que se pode dedicar ao desenvolvimento do negócio, e à criação de valor ao cliente, que está a ser desperdiçado em tarefas de pouco valor acrescentado! Os ganhos que a tecnologia traz aos pequenos negócios é enorme com a redução do trabalho administrativo, das tarefas repetitivas ou da concentração da informação importante do negócio. Para além de que descansa o gestor relativamente ao cumprimento legal das suas obrigações, permitindo-lhe economizar nestas duas frentes, enquanto se dedica ao que é realmente importante.

Em segundo lugar, o fator de diferenciação dos pequenos negócios sempre foi o contacto personalizado. O que muitos chamam de proximidade com o cliente, que permite detalhes no trato, na oferta e no acompanhamento, que historicamente não eram possíveis aos negócios de massas. A diferença histórica acabava por ser a de uma escolha entre escala e personalização.

Enquanto as grandes empresas tinham na dimensão do negócio o seu efeito competitivo, a diversos níveis, os pequenos negócios competiam pela personalização da sua oferta. No entanto, a tecnologia está a criar uma erosão neste efeito. Por um lado, os grandes negócios conseguem hoje, cada vez mais, um efeito de personalização através de ferramentas que lhes permitem conhecer os seus clientes na sua individualidade e na personalização dos seus produtos.

Por outro, os pequenos negócios têm hoje a possibilidade de ganhar escala. De fazer mais com os mesmos ou menores recursos, tornando-se mais rentáveis e ágeis na sua resposta, de crescer para além dos limites geográficos, humanos ou de resposta que lhes estavam impostos. Hoje, os pequenos negócios ganham escala com a tecnologia, porque esta dá-lhes uma oportunidade de crescimento que não tinham antes.

Por fim, a velocidade com que o mercado exige resposta apenas é possível com o uso de software adequado. Os clientes têm a expectativa de ter as respostas imediatas, de ter um acompanhamento célebre e uma entrega no momento. Num mundo onde os clientes querem tudo agora e já também os pequenos negócios têm de ter as ferramentas para dar essa resposta. E, felizmente, o mercado tem soluções para trazer velocidade aos pequenos negócios, já que um cliente pode consultar facilmente o estado da sua encomenda, tirar uma fatura sem intervenção humana ou fazer uma encomenda online. Tudo serviços que podem ser disponibilizados, automatizados e acelerados para uma melhor experiência na relação entre cliente e empresa.

Não tenho dúvida nenhuma de que os pequenos negócios também precisam de tecnologia. Precisam de dar o salto digital que lhes trará escala, velocidade e rentabilidade. Imagine-se a experiência para o cliente, o crescimento das pequenas empresas e o crescimento do próprio país. Ganharemos todos, teremos um país melhor. Este será o caminho da gestão. Um caminho onde todo o negócio nasce para a tecnologia e viverá para sempre com ela.

Este texto foi publicado previamente pelo autor no site Executive Digest.