10 lições que o golfe nos ensina sobre gestão

O golfe é sem dúvida o desporto que mais me tem ensinado sobre gestão. Pode parecer um desporto simples, mas tem uma camada de complexidade que o torna mais do que um simples taco a bater bolas num campo. É uma autêntica aula de gestão ao nível emocional, técnico e sistémico.

Quem me conhece sabe que adoro como o golfe se relaciona com outras partes da nossa vida.Neste artigo, partilho um pouco do que o golfe me tem ensinado. É uma forma de mostrar como o que nem sempre é óbvio traz um valor incrível para a nossa vida profissional. Estas são as dez lições sobre gestão que o golfe me ensinou:

Todos temos limites: precisamos entender as nossas próprias limitações para jogar golfe eficientemente. O jogo ensina-nos que não somos ilimitados. É algo importante em gestão, onde é preciso saber o que conseguimos fazer, para definir objetivos ou saber quando precisamos de ajuda.

A pressão não pode condicionar a decisão: o golfe exige paciência e controlo emocional. É fácil ficarmos frustrados quando as coisas não correm como previmos. Mas, saber lidar com o stress e tomar decisões sábias sob pressão é algo crucial para qualquer gestor de sucesso.

A ação tem de ser planeada: precisamos de parar e pensar cuidadosamente a estratégia a ser seguida antes de cada tiro. Isso exige planeamento e preparação, para tomar decisões que estão mais próximas do sucesso. Tal como numa empresa.

Não se aprende de um dia para o outro: dominar o jogo leva tempo e prática. O golfe não tem uma curva de mestria rápida e exige muita dedicação e esforço. Isso é algo que também é verdade em gestão, onde somos expostos a erros e aprendizagens que com o tempo se tornam em vantagens competitivas.

As regras que promovem o equilíbrio: no golfe, as regras permitem que jogadores de níveis distintos compitam entre si de forma justa. Por exemplo, os jogadores mais experientes são obrigados a usar um handicap que os desfavorece em relação aos jogadores menos experientes. As regras equilibram o jogo, e nas empresas também é necessário tornar o jogo justo para todos, onde diferentes competências e níveis de experiência coexistem entre si.

Temos de evitar que os vícios voltem: é fácil ganhar vícios ou maus hábitos à medida que dominamos o jogo. As aulas e o aperfeiçoamento ajudam a manter a posição correta e as boas práticas. Também em gestão precisamos de acompanhar tendências, voltar a aprender e revisitar os nossos hábitos para que nos possamos manter com o rendimento desejado.

Tudo se decide no momento-chave: O put é uma das partes mais importantes do golfe, mas também é das mais desafiadoras de treinar. Sabemos que aquele é um momento-chave, da mesma forma que sabemos que os KPI de uma empresa são o que no fim do dia nos indica se tivemos os pontos certos. Há que olhar para os indicadores como olhamos para o put: é ali que decide.

Há dias em que as coisas não correm bem: há dias em que as coisas simplesmente não correm como queríamos. É uma tacada errada, uma bola para fora ou um buraco fácil que se torna num pesadelo. É escusado sofrer com isso. Temos de nos concentrar na próxima jogada. E também na gestão é preciso conseguir lidar com o fracasso e continuar.

Treinar é uma coisa, jogar é outra: um talento de golfe nem sempre é o melhor jogador. Como em qualquer outro desporto, praticar e jogar são coisas diferentes: é preciso adaptação a todas as condições do jogo quando se está em campo. Como numa empresa, existe uma diferença entre saber gestão e gerir. Só a prática continuada de tomada de decisão constrói o bom gestor.

Por vezes a bola vai para sítios inexplicáveis: há momentos em que fazemos tudo bem, mas a bola tem um comportamento difícil de compreender. É frustrante, mas faz parte do jogo. E faz parte de qualquer empresa: as coisas nem sempre correm como planeado. É na capacidade de adaptar, agir e prosseguir que, tanto no golfe como na gestão, os bons jogadores se revelam.

Em resumo, o golfe pode ensina-nos muitas lições sobre gestão, incluindo autoconhecimento, inteligência emocional, tolerância e discernimento. E, da mesma forma que me tem ajudado no desenvolvimento enquanto gestor, acredito que poderá ajudar outros no desenvolvimento de competências nesta área. Basta que olhemos a tacada com a perspetiva certa.

Este texto foi publicado previamente pelo autor no site Executive Digest.