Casa de Papel: o que nos ensina sobre gestão?

A atual conjuntura de isolamento social tem sido uma oportunidade de nos reencontrarmos com alguns momentos de entretenimento dentro da nossa casa.

À semelhança de muita gente, um dos exemplos tem sido o meu reencontro com filmes, séries. E acabei há poucos dias de ver a quarta temporada da famosa série A Casa de Papel. E há um conjunto de importantes lições de gestão que esta nos traz.

Para os mais distraídos, A Casa de Papel é uma série sobre um assalto. O enredo é simples. Mas a dinâmica é daquelas que nos agarra a cada momento, desvendando uma quantidade incrível de ligações às questões de gestão e de liderança, e que encontramos ao longo das várias temporadas.

Há cinco lições que me saltaram à vista neste último conjunto de oito episódios. E que tentei resumir, sem spoilers, neste artigo. Estas são as cinco lições que a quarta temporada de A Casa de Papel nos relembra sobre gestão:

 

#1 – O melhor plano falha 

O professor faz um plano incrível do assalto, mas acontecem tantas surpresas. O que, muitas vezes, acaba por ser a execução no dia-a-dia que faz a diferença entre o plano inicial e o seu sucesso no terreno. Claro que foi importante fazer o plano, e estar preparado para vários cenários, mas é inevitável que os planos falham. Na vida das empresas também os planos necessitam de uma adaptação constante à realidade. Mais uma vez Darwin tem razão. Os que se adaptam mais depressa são os que sobrevivem; e não os mais fortes. 

#2 – A equipa sobrepõe-se ao génio individual

Nenhum dos indivíduos sozinho, nem mesmo a soma de todos eles, teria sido capaz de executar as ações ou fazer os planos para responder às situações. E, também nas empresas, é a equipa que faz a diferença. Não a soma dos indivíduos. Nesta série vemos isso, com todos os personagens a trabalhar em equipa e a saber exatamente o que fazer em cada um dos momentos. E isso é também uma metáfora de como deve de ser nas empresas.

#3 – A liderança 360º é indispensável

Viu-se na série, o papel fulcral que a liderança tem no bom desempenho. É importante alguém que veja o todo e que assuma o controlo com a cabeça e não com o coração. Perante todas as adversidades que se apresentam aos vários personagens, é a racionalidade do personagem “Professor” que provoca na equipa uma dinâmica de sucesso. Hoje, com o momento que o país atravessa, e com o risco da paralisia do medo, é preciso ter o discernimento de saber sempre para onde vamos e evitar uma má escolha no meio do “caos”, da qual no futuro nos venhamos a arrepender.

#4 – A perseverança faz a diferença

É muito óbvia na série, especialmente no conceito simbólico de resistência, onde os personagens se reúnem à volta de símbolos, como a música Bella Ciao. E essa ideia de resistência emerge nos momentos difíceis, sempre como um ideal maior que supera as adversidades e dá sentido às diferentes ações dos personagens. Também nas empresas é necessário ter símbolos que nos unam. É preciso ter uma visão e um propósito que dê sentido aos nossos esforços. Nesta série, quando todos estão perdidos, há sempre alguém que traz esse ideal comum e reúne a equipa à volta do objetivo comum.

#5 – O team building tem uma importância enorme na equipa

A importância de criar laços e de ter relações informais é óbvia nos momentos que vemos na série. Desde jogos de futebol a almoços de grupo, todos esses momentos permitiram criar relações entre eles, que nos momentos de stress, e quando o “caos” chega, a equipa conseguisse resistir, em vez de deixar partir. E, mesmo neste momento, é possível fazer team building a partir de casa, ajudando as equipas a fortalecerem laços e estarem melhor preparadas para lidar com o atual momento.

De facto, a gestão está em todo o lado. E as boas práticas são adaptáveis a tudo na nossa vida, até mesmo às nossas séries preferidas.

Este texto foi publicado previamente pelo autor no site Dinheiro Vivo.