Human Capital Management: transição digital na gestão de pessoas

Há uma revolução silenciosa no mundo das empresas. Tão silenciosa que os que não lhe estão a prestar a devida atenção arriscam-se a perder competitividade a um nível não antes visto. Falo da evolução digital da gestão de pessoas como parte integrante das empresas.

Muito se tem falado da evolução da gestão, e todos já ouvimos a história de como a revolução industrial trouxe a primeira substituição do trabalho humano pelas máquinas, de como a informática revolucionou por completo o escritório, ou o acesso à informação se democratizou com a Internet. Mais recentemente, falamos de automatização de processos, de inteligência artificial ou de robots. Mas a maioria do debate tem estado focado das questões de operação, fiscalidade ou até do marketing.

Uma área tão importante como a da gestão de pessoas necessita de maior atenção no debate público sobre a digitalização. Claro que se tem falado de gestão de pessoas, na medida em que temas como a felicidade, o bem-estar ou a saúde mental são incontornáveis na nossa vida contemporânea. Mas podem estar questões ser resolvidas da melhor forma sem o recurso à tecnológica?

Numa sociedade onde a guerra pelo talento é cada vez maior, e o bem-estar e produtividade dos colaboradores um fator decisivo da competitividade das empresas, pode algum negócio dar-se ao luxo de ignorar os benefícios da tecnologia para potencial a fonte da sua criação de valor, as pessoas?

São questões que merecem a nossa reflexão enquanto gestores de empresas, académicos e até gestores de pessoas. Acredito cada vez mais que todos os negócios são negócios de software, e isso implica que todas as áreas de um negócio estejam capacitadas com tecnologia. Os recursos humanos inclusive.

Para quem tem estado atento à discussão sobre o chamado human capital management, terminologia como HR analyticsleadership developmentsupporting learningworkplace produtivity, ou employee lifecicle podem parecer familiares na medida em que se traduzem em ferramentas tangíveis, e de apoio a diferentes processos como o recrutamento, gestão de formação, avaliação, acompanhamento da liderança e bem-estar do colaborador. Todo um conjunto de soluções que automatizam processos, organizam a informação e alertam para ações específicas, permitindo um outro nível de performance e que tem efeito diretos na atividade da empresa.

Mas para quem não está tão dentro deste assunto, convém tornar claro que estes efeitos se refletem no que se chamam os três pontos principais da gestão de capital humano: tempo, talento e energia. Que não é mais do que dizer que se passarmos menos tempo a gerir processos administrativos, teremos pessoas mais produtivas e motivadas.

E o quão a tecnologia pode ajudar neste sentido? Todo o gestor se preocupa com a produtividade das suas pessoas.

É verdade que para as grandes empresas este tipo de soluções não é novo, mas a democratização da gestão de pessoas para que qualquer PME a faça com a velocidade que precisa, poderá ser o grande salto de competitividade num país onde o tecido empresarial é maioritariamente composto por pequenas e médias empresas.

Hoje, está ao alcance de qualquer empresa digitalizar a sua gestão de pessoas. Não só com software dedicado, mas, acima de tudo, com software que esteja integrado no seu sistema de gestão. Que partilhe a mesma informação que o sistema central da empresa, cruzando dados para melhores decisões e maior rapidez de atuação.

Diversos exemplos de excelência na gestão de pessoas podem ser dados. Desde uma avaliação que integre o desempenho nas tarefas e o feedback de líderes e pares, os sistemas de gratificação interna para aumentar a motivação, a intranet colaborativa para fomentar a cultura, ou até a monitorização do chamado Engagement e da felicidade dos colaboradores através de scorecards e dashboards. Tudo isto só é possível com a tecnologia.

E não tenho dúvidas de que este será um grande salto para as empresas e para o país. Com melhor gestão de pessoas teremos empresas mais bem geridas e com melhores resultados. Teremos melhor gestão e pessoas mais felizes.

Este texto foi publicado previamente pelo autor no site Executive Digest.